terça-feira, 4 de abril de 2017

Sobre o famoso "jeitinho brasileiro"


Fim de semana tocamos num evento particular, numa residência. Certas coisas que aconteceram, que pra alguns parecem apenas detalhes bobos, são coisas que me fazem sentir vergonha de ser brasileira e querer sumir daqui.
Primeiramente a pessoa pechinchou bastante. E não era o caso onde a pessoa pechincha por não poder pagar. Depois de conseguir pAgar menos, chorou para que a gente tocasse tempo a mais, mesmo já sabendo que a gente tinha outro trabalho logo em seguida e por isso não podíamos exceder aquele horário. E por fim ficou combinado da gente começar antes, já que nao dava pra esticar depois. - ou seja, desvalorizando nosso trabalho MESMO. Quis exigir tempo e trabalho a mais, pagando um valor a menos (a negociação levou horas).
No evento, quando terminamos de tocar e eu anunciei que era a saideira pois tínhamos que sair correndo para outro trabalho, rolaram esses comentários: "Tá marcado pras 17h lá? Atrasem um pouco, estamos no Brasil", "Toquem mais algumas e digam que pegaram trânsito" e outras sugestões de como enrolar o nosso próximo contratante. Ou seja, as pessoas tem orgulho em dizer que no Brasil as pessoas são desonestas (ou "malandras", como estas costumam chamar), e incentivam o profissional que eles mesmos contrataram a serem desonestos ("malandros"), mas com os outros, claro (hipócritas). Com eles mesmos não. Com eles a gente tem q tocar a mais, por menos. 
Por fim, na despedida, a pessoa que contratou reclamou novamente que tinha sido muito pouco tempo. Tocamos durante 3 horas e meia, com 2 intervalos. E eu sempre fecho eventos por 3 horas no máximo. Então respondi que na verdade a gente tocou meia hora a mais do que o tempo de costume. Assim que saí de perto ela foi até meu colega e disse: "Nunca vou fechar com ela. Sempre com vc. Ela é profissional demais.". Ou seja, vivemos num país onde ser desonesto é visto como qualidade e ser profissional é visto como defeito. #vergonha #desânimo

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